Deslize -

Deslize - E você é capaz. Para isso, não se incomode com coisas pequenas, com obstáculos que aparecem do nada, com gente que não vale a pena. Simplesmente leve a sua vida de acordo com os seus valores, seguindo a trilha da sua consciência. Não se deixe levar pela irritação, a raiva; não aceite provocações, não se incomode com a opinião de pessoas mal intencionadas. Não caia nessas armadilhas - é só desgaste e perda de tempo. Agir assim é um desafio diário, mas vale a pena.
- Chuck Palahniuk -

28 abril 2010

Sim, existe o paradoxo tambem.



Eu gosto do romantismo do livro.

Meu bisavô sempre guardava uma porcentagem da renda mensal dele pra comprar livros, ele não encarava isso como gasto, e sim como investimento. Ele tinha uma biblioteca enorme na casa dele e, ouvi dizer, ela foi a primeira ou uma das primeiras da cidade ou do estado, mas não sei muito bem essa história. Sei que ele emprestava livros pra muita gente e incentivava a todos o hábito de ter aquele calhamaço com histórias embaixo do braço. E eu adoro isso.

Adoro bibliotecas e livrarias, fico horas e horas nelas, olhando dezenas de coisas velhas e novas. Adoro olhar livros. Adoro comprar livros. Adoro ir acompanhando, descobrindo, aprendendo, desvendando. Adoro acabar de ler. Botar meu nome e a data neles, à caneta, pra sempre. Adoro guardá-los. Adoro escolher o próximo. Adoro começar um novo, aquela sensação de estar perdido em alguma história, algum contexto. Mais um assunto, ou mais uma vida que vai me ser apresentada agora. Delícia de sensação.

Tenho o hábito de estar com 2 ou 3 livros em andamento ao mesmo tempo. Um que me ensina algo e outro que me conta uma história - que no fim acaba ensinando também.

Mas, como eu ia dizendo, eu gosto do romantismo do livro. Do jeito que ele é, com capa, com páginas e páginas, amassadinho no canto, as vezes um pouco amarelado, de vez em quando até riscado - sublinhar algumas partes é algo que sempre quis ter como hábito, mas estou começando só agora, até então não me permitia riscar meus ricos livros.

E-books e iPads estão aí pra facilitar as coisas, pra diminuir as traças, pra desocupar espaço na sala, pra ter quinhentos livros dentro do computador, ou dentro de um... de um... porta-retratinho digital que tu vai "folheando", dando mais ou menos zoom, aumentando ou diminuindo a iluminação (brilho, matiz, contraste...), girando na vertical ou horizontal, vendo os emails, entrando na internet, e todas essas coisas que qualquer livro faz. Tem tambem os livros pra ouvir, mas me recuso a acreditar que alguem não cego ou não analfabeto compre um.

Mas e o sabor de folhear uma página? De usar um marcador? De olhar pra preteleira, ver 20 livros enfileiradinhos e lembrar de cada um deles? E o prazer de emprestar um livro? E o prazer de emprestar o livro certo pra pessoa certa? E o prazer de ter uma estante cheia? E uma parede cheia? E o prazer de ter uma biblioteca? E o prazer de revirar um sebo? E acumular pontos num cartão de livraria? E o cheiro da folha novinha?

Mas você pode clicar no botão de comprar, depois clicar no botão de ler e depois ir clicando no botão de passar pra próxima página. Ou, como Steve Jobs, imitar o movimento de folhear na tela - me parece que, inclusive, aparece uma imitação da página virando. Livro touch screen.




Ah, minha irmã mais velha tinha uma característica que é a persuasão. Ela se orgulhava bastante disso, já escreveu num livro sobre isso, inclusive. Hoje já passou de característica para, na opinião de muitos, um super poder.

Ela me convenceu a entrar de cabeça no mundo internético, de modo que agora, além dos antigos e-mail, msn e blogs, tenho orkut, facebook e twitter.

Acontece uma coisa legal. Depois que cheguei a conclusão que eu gosto mesmo de escrever, à toda hora e a todo momento me pego tendo idéias de assuntos e textos. Os blogs ajudam. Os cadernos e pastas no computador tambem. E sabe do que mais? O twitter deve ajudar um pouco tambem. Mini idéias, mini textos. Idéias de 140 letras (caracteres, para nós internéticos) que tenho, que me dão idéias pra algumas páginas. Ou vice-versa. Estou gostando.

http://twitter.com/eduardoamaral

16 abril 2010

Pra quem sabe brincar.


Primeiro os mais velhos. Entao primeiro o Zé Pedro escreve, depois eu. Dizem que o burro vem sempre atrás tambem, quando a gente usa a ordem dos sujeitos de uma frase de maneira errada. E, em termos puramente escritores, eu sou o burro aqui entre nós dois.
***
O Zé Pedro escreveu: O Frescobol e o Sentido da Vida.
“Nem todos gostam da fama. Tenho um amigo assim. O cara é tão obsessivo pelo anonimato que se pudesse desenhava um contorno no lugar da foto no RG. Razão pela qual vamos preservá-lo por aqui. Mas ao contrário da sua crença na invisibilidade, esse é um sujeito de idéias nítidas e fulminantes. Essa semana ele apareceu lá em casa - como sempre, sem avisar - e foi logo dizendo: "resolvi o problema do futebol". Antes que eu pudesse entender melhor a questão, ele decretou:
- É simples, é só acabar com os gols.
Não adiantava lhe enviar um olhar como se ele fosse louco, já estava acostumado com isso. "O problema é justamente esse: jogar pelo resultado. Tira-se o resultado e sobra o quê?" No meu rosto nada mais do que um ponto de interrogação. "O espetáculo, as jogadas, os dribles, enfim, o jogo em si." E sem ninguém a lhe impedir, concluiu: "Sem gol não tem retranca, não tem juiz ladrão, ou faltas violentas: tudo que é ruim no futebol."
Arrisquei perguntar como afinal se saberia quem iria vencer, mas ele já tinha a resposta na ponta da língua: "Não se saberia, aí é que está. O problema da vida é justamente esse, a busca de resultados. Em qualquer lugar, não só no futebol". O sujeito parecia febril, no lugar dos olhos, dois sóis ocupavam as cavidades oculares. "Veja o frescobol, alguém já brigou jogando frescobol?" Eu disse que nunca soube. Ele concluiu com veemência: "é porque ninguém ganha, ou melhor, ganham os dois que jogam". E antes que eu dissesse qualquer coisa veio a frase definitiva:
- Chega dessa política liberal que só enxerga os resultados: é preciso frescobolizar o mundo.
E foi saindo, assim, sem avisar, como havia chegado. Eu é que tirasse minhas próprias conclusões, ele não estava interessado em réplicas. Fui atrás, dei-lhe um tapinha nas costas e disse: "Você está afiado hoje, hein?". Mas ele não deu bola, elogios nunca o seduziram.
Continuei procurando algo que o detivesse, só por teimosia. Então eu disse, num exercício de drama - aquele tipo de drama que fica a um milímetro da farsa: "Só falta explicar o sentido da vida."
Isso o deteve: John Wayne numa remota rua empoeirada, provocado por um pele vermelha. Tal qual os mocinhos fazem, ele esperou que eu sacasse a arma primeiro.
- De onde viemos? - perguntei.
Ele quase riu, pelo jeito era algo em que já havia pensado muito, então disse:
- Não interessa.
- Para onde vamos? - insisti.
- Também não.
E se mandou.”
***

Há alguns bons anos, eu ía pro Imbé com o Luquinhas.
(Precoces) Parênteses: Tem cidades que, mesmo sabendo que o correto seria falar “pra” tal cidade, ou “de” tal cidade, a gente precisa falar “pro” e “do”. Pro Imbé é um desses casos. Ou dá pra falar que alguém vai pra Alegrete? Até blasfêmia é. Pro Alegrete tchê. Deve ter sido aquele canto gauchesco e brasileiro que fez isso...
Dizia eu...
Ele tinha uma casa de esquina, grande e bem localizada. Tinha uma quadra de tênis do lado, que dava pra jogar qualquer coisa, na verdade, mas que fato é que eles estacionavam o bugue que tinham. Era um bugue vermelho que eles compraram e tiveram que montar, como fazíamos quando criança com barquinhos e carrinhos. Mas eles montaram um de verdade. E andavam com ele, o que é pior. Mas tinha que cuidar, porque nao tinha ducumentos. Nem quarta marcha.
Toda manhã acordávamos cedo – o que era quase impossível depois de ter ido dormir depois das 3 da manhã – e íamos pra praia, toda a família. Seu Moisés, pontualmente na hora combinada, estava todo santo dia com o bugue ligado e gritando que ía nos deixar. Deixava mesmo. Tínhamos que voar da cama direto pro banco escalpelante do protótipo conversível. As 10 horas começava o jogo.
Aquela é a quadra de vôlei de praia mais famosa do Brasil. A Quadra da Diva.
A Diva é uma senhora – de quem faz muito tempo que não tenho notícia – de muitos anos de idade, provavelmente por volta de 70 (naquela época), que montava a quadra todos os dias de verão, jogava o jogo das 10hs e depois ficava por ali, dando pitaco e servindo o melhor chá gelado da história dos chás gelados. Ela roubava também, na hora de contar os pontos e na hora de dizer que a jogada dela valia. Ah, tenho um amigo que perdeu a virgindade com ela, reza a lenda. Ele tem um ano a menos que eu.
Naquela quadra jogavam todos os jogadores e ex-jogadores de vôlei do RS. Dos piores aos melhores. Famosos também tinham seus momentos, como quando Taffarel mostrava seus dotes voleibolísticos alí com o pessoal. E foi alí, naquelas manhãs de sol e suor, que descobri que não era uma pessoa tão competitiva quanto achava que era. Cresci competindo, jogando contra outros clubes, outros atletas. Contra outras cidades ou, principalmente, contra o outro clube de Porto Alegre. Era como Gre-nal. Mas lá na Diva vi a competição tomar conta das minhas férias, das férias de todo mundo e da mesa de jantar. Explico: Da família do Luquinhas, só quem não jogava era a mãe. Os dois irmãos mais velhos, a irmã e o pai jogavam, assim como ele. No almoço, depois dos jogos todos, sentávamos na mesa e a família só parava de brigar e discutir sobre os jogos depois que terminavam de comer e saía cada um pro seu lado, sem se falar. Eu e a Laurinha, maravilhosa mãe dele, só nos olhávamos. E ríamos. Com sorte, no jantar as coisas estavam calmas. E muito, muito engraçadas. Que família maravilhosa.
Mas não, aquela competição, nas minhas férias, em jogos que não valiam minhas medalhas e troféus, não era pra mim. Gosto de rir jogando um futebol com meus amigos, jogando um basquete com a galerinha. Mas que não comecem a exigir, a brigar, a bater. Brincadeira é brincadeira, e não suporto gente que não sabe brincar. Gosto de errar em bola e perder meus gols sem goleiro e dar risada.
Mas que eu não erre uma bola feita jogando uma sinuquinha num sábado a noite. Aí o assunto é sério.

06 abril 2010

Feliz Páscoa.




E ontem tive meu primeiro terremoto.
6,9 foi a pontuacao dada a ele. Não senti o que achava que ia sentir. Não, não to falando de medo, esse eu já sabia que não ia sentir, como de fato. To falando da tremedeira desvairada. Não foi assim, como eu sempre imaginei, foi mais lento, e maior. Balançou. O chão balançou. O mundo balançou embaixo de mim.
Estava sentado no sofa e uma amiga falou: É impressão minha ou isso é um terremoto? Na mesma hora ela apontou o copo, que tinha o líquido se mexendo dentro dele, igual ao Jurassic Park, naquela parte em que as duas crianças estão sozinhas (!?!?) dentro do carro e um Tiranossauro Rex vem se aproximando, faminto. Corri pra rua e, quando parei... pretensão minha, não parei. Parecia que estava num navio. O chão balançava como em um navio, e ficar parado exigia bem mais contracão muscular do que o normal.
Tinha tomado uma taça de espumante, o que, com certeza, me fez pensar duas vezes antes de acreditar que o chão estava realmente se mexendo. Afinal, já tive essa sensação diversas vezes, mas em todas – até ontem – era culpa do líquido dentro do copo. Essa vez não era o líquido do copo que fazia o chão tremer, e sim o chão que fazia o líquido do copo tremer. E perguntei pra pessoas ao meu redor se todos sentiam, se não era só eu, se não era culpa do espumante. Podia duvidar, mas não era possível que aquele cara engravatado que falava ao vivo na TV tivesse sob o efeito de alguma espumante tambem.
Era um terremoto sim. E, de páscoa, não ganhei ovos de chocolate, nem cestos cheio de doces e (sempre em quantidade maior) palha. Muito menos ganhei um dinossauro correndo na minha direção. Mas ganhei meu primeiro terremoto.
Logo, vizinhos entraram casa a dentro perguntando: “Alguém mais aí teve seu primeiro terremoto?” Ao terem minha resposta, comemoramos, com palmas, sorrisos e mais algumas taças.

01 abril 2010

Macaulay Culkin (43) estréia hoje...



Fui ver Shutter Island. Acho que foi pro Brasil como A Ilha do Medo, não tenho certeza.
Que baita filme! Daqueles que se chamam Filmão.
Eu tenho pra mim essa classe de filme, os Filmões. Titanic, Sexto Sentido, Colecionador de Ossos, Gladiador, Avatar. E não que os Filmões sejam os melhores, não, não é isso. Filmão é Filmão, é diferente. Os filmes que eu mais gosto não são - por mim - considerados Filmões. O aumentativo não é por ser bom, ruim, melhor ou pior. É o tipo. É uma nova sessão nas locadoras. Suspense, drama, comédia, adultos, lançamentos, Filmão. Sei lá, talvez seja o investimento, a trama muito bem feita, a grandeza alcançada, não sei.
E Shutter Island é Filmão. Scorsese é muito bom. Eu não dava muito crédito pra ele, mas depois de Gangues de NY, ele me apareceu com O Aviador (Filmão - e é meio chato, mas... Filmão a gente não escolhe), Os Infiltrados e agora esse. Na verdade ele ta se especalizando nesse novo gênero eu acho, porque mesmo os que não chegam a ser considerados de fato, são pelo menos quase-Filmões.
Acho que assim, como ele, só o James Cameron, que tambem tem a maioria dos seus filmes lá ou quase lá. Tem Titanic e Avatar, e tem tambem Exterminador do Futuro e Alien, ambos quase-Filmões.
E tem o Leonardo DiCaprio, que tá genial, pra variar. Ele sabe fazer um louco ou doente como poucos. Não um dos divertidos, como o Johhny Depp, mas um dos sérios. Como em A Praia, Foi Apenas um Sonho ou O Aviador. Aquele adolescente que as adolescentes adoravam deu lugar pra um respeitado e experiente ator. É, fisicamente tambem, da pra ver o tempo passar. Pra mim sempre parece que esses atores que a gente viu crianças e/ou adolescentes crescem mais rápido que o normal. Vide Macaulay Culkin, Dakota Fanning e aquelas duas loirinhas gêmeas que faziam todos os filmes da Sessões da Tarde.