Eu gosto do romantismo do livro.
Meu bisavô sempre guardava uma porcentagem da renda mensal dele pra comprar livros, ele não encarava isso como gasto, e sim como investimento. Ele tinha uma biblioteca enorme na casa dele e, ouvi dizer, ela foi a primeira ou uma das primeiras da cidade ou do estado, mas não sei muito bem essa história. Sei que ele emprestava livros pra muita gente e incentivava a todos o hábito de ter aquele calhamaço com histórias embaixo do braço. E eu adoro isso.
Adoro bibliotecas e livrarias, fico horas e horas nelas, olhando dezenas de coisas velhas e novas. Adoro olhar livros. Adoro comprar livros. Adoro ir acompanhando, descobrindo, aprendendo, desvendando. Adoro acabar de ler. Botar meu nome e a data neles, à caneta, pra sempre. Adoro guardá-los. Adoro escolher o próximo. Adoro começar um novo, aquela sensação de estar perdido em alguma história, algum contexto. Mais um assunto, ou mais uma vida que vai me ser apresentada agora. Delícia de sensação.
Tenho o hábito de estar com 2 ou 3 livros em andamento ao mesmo tempo. Um que me ensina algo e outro que me conta uma história - que no fim acaba ensinando também.
Mas, como eu ia dizendo, eu gosto do romantismo do livro. Do jeito que ele é, com capa, com páginas e páginas, amassadinho no canto, as vezes um pouco amarelado, de vez em quando até riscado - sublinhar algumas partes é algo que sempre quis ter como hábito, mas estou começando só agora, até então não me permitia riscar meus ricos livros.
E-books e iPads estão aí pra facilitar as coisas, pra diminuir as traças, pra desocupar espaço na sala, pra ter quinhentos livros dentro do computador, ou dentro de um... de um... porta-retratinho digital que tu vai "folheando", dando mais ou menos zoom, aumentando ou diminuindo a iluminação (brilho, matiz, contraste...), girando na vertical ou horizontal, vendo os emails, entrando na internet, e todas essas coisas que qualquer livro faz. Tem tambem os livros pra ouvir, mas me recuso a acreditar que alguem não cego ou não analfabeto compre um.
Mas e o sabor de folhear uma página? De usar um marcador? De olhar pra preteleira, ver 20 livros enfileiradinhos e lembrar de cada um deles? E o prazer de emprestar um livro? E o prazer de emprestar o livro certo pra pessoa certa? E o prazer de ter uma estante cheia? E uma parede cheia? E o prazer de ter uma biblioteca? E o prazer de revirar um sebo? E acumular pontos num cartão de livraria? E o cheiro da folha novinha?
Mas você pode clicar no botão de comprar, depois clicar no botão de ler e depois ir clicando no botão de passar pra próxima página. Ou, como Steve Jobs, imitar o movimento de folhear na tela - me parece que, inclusive, aparece uma imitação da página virando. Livro touch screen.
Ah, minha irmã mais velha tinha uma característica que é a persuasão. Ela se orgulhava bastante disso, já escreveu num livro sobre isso, inclusive. Hoje já passou de característica para, na opinião de muitos, um super poder.
Ela me convenceu a entrar de cabeça no mundo internético, de modo que agora, além dos antigos e-mail, msn e blogs, tenho orkut, facebook e twitter.
Acontece uma coisa legal. Depois que cheguei a conclusão que eu gosto mesmo de escrever, à toda hora e a todo momento me pego tendo idéias de assuntos e textos. Os blogs ajudam. Os cadernos e pastas no computador tambem. E sabe do que mais? O twitter deve ajudar um pouco tambem. Mini idéias, mini textos. Idéias de 140 letras (caracteres, para nós internéticos) que tenho, que me dão idéias pra algumas páginas. Ou vice-versa. Estou gostando.
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