Comprei os 3 livros do José Pedro Goulart. Ele é paciente lá da clínica e eu adoro conversar com ele e ouvir as idéias dele sobre tudo. Sobre tudo. Acho ele genial.
To lendo o primeiro, chama “Confissões de um Comedor de Xis”. Uma das crônicas chama Monogamia, bem como falei a pouco aqui.
Os outros dois livros se chamam: “Minhas Certezas Erradas” e o último “A Voz que se Dane”.
Tá na mão:
“Eu lembro bem daquele dia. Como poderia esquecer? Três amigos e eu subíamos a rua da minha casa conversando, bola de futebol debaixo do braço. Acho que eu tinha uns oito anos. Subitamente alguém fez a revelação que me deixou atordoado. Me disseram, e eu fui obrigado a acreditar tal a evidência do fato, que a minha mãe havia feito sexo com o meu pai. Quanto mais eu negava, mais eles apontavam para mim como sendo a prova definitiva. A minha própria mãe! A idéia de que havia infidelidade no mundo tinha sido cravada no meu coração feito uma estaca de vampiro.
Assim que esse é um assunto que sempre me inquietou. Não, não o da minha mãe a quem, aliás, eu já perdoei no ano passado. Mas o da fidelidade ou a idéia de uma relação monogâmica, estável e duradoura. E o que fazer com todas outras possibilidades? Como dominar a metralhadora giratória do desejo?
Sugiro um pequeno livro (121 páginas) sobre esse grande assunto: Monogamia. O autor, o psicanalista inglês Adam Philips, não tem nenhuma dúvida de que "a monogamia é a única questão filosófica séria". E se é uma "questão" é porque não há uma equação definitiva sobre o tema, mesmo porque não se trata de um julgamento moral. Mas a surpresa da abordagem está em aceitar a monogamia também como um ato de libertação. Isso depois de tantos anos em que o cinema ou a literatura, enfim, fizeram um tremendo esforço em tornar careta o casamento enquanto glamourizavam a galinhagem. A verdade é que, querendo ou não, a tal união monogâmica, estável e duradoura sobreviveu aos tempos modernos. E mais, faz sucesso.
Mas antes que se comemore a vitória da pantufa contra o salto alto é preciso compreender as razões do outro lado. Atire a primeira pedra aquele ou aquela que, estando numa relação monogâmica, nunca ficou olhando para as saídas de emergência, imaginando estar justamente ali, atrás de uma porta qualquer, o ser perfeito que irá lhe redimir daquela vidinha ordinária. A infidelidade é a ressurreição do desejo.
Adam Philips, entretanto, vê semelhanças nas atitudes daqueles que são monogâmicos e daqueles que não são. Ambos são idealistas quanto as suas convicções. Diferentemente dos céticos, esses é que são desalentadores, porque já partem para suas experiências convencidos de que se decepcionarão.”
É por essas e por outra que eu adoro pinguim.
4 comentários:
E a dificuldade de acreditar que alguém como tu existe?
A sorte é que não só existe mas divide isso assim desse jeito tão lindo, mostra e prova que algumas crenças populares negativas com relação a isso não se aplicam a todo relacionamento. Fatalidades a parte, como tudo nessa vida, cada caso é um caso. Seja o nosso o mais feliz deles. Te amo.
Eu sou poligamica. E vou me mudar pra India pra me casar com 50 indianos. E vou ter 4 filhos, indianos. E vcs vao ser padrinhos.
Onde será que eu errei?!?!?!?!?!
Putz!
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